sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão Mt 3,9




João Batista é um sujeito realmente enigmático. Ele possuía uma personalidade marcante merecendo realmente o título que recebeu: profeta. Mateus 3,1-12 fala sobre João Batista no desempenhar de sua pregação. Ele pregava dizendo “arrependei-vos, pois, o Reino do Céu está próximo” (2), tinha como missão preparar o caminho do Senhor (3), e suas roupas (4) lembravam o profeta Elias (2Rs 1,8). De fato, estava previsto que Elias viria, “antes que chegasse o dia de iahweh” (Ml 3, 23), João Batista, portanto, cumpre tal profecia.

João Batista foi um autêntico profeta que, assim como os demais profetas do Senhor, foi perseguido pelo povo de israel. É importante ressaltar que os doutores da lei possuíam o conhecimento das escrituras do antigo testamento, inclusive esta citada acima, assim como as demais que previam a vinda do Salvador. Eles viviam uma certa expectativa da vindo do messias, pois quando ocorreu a visita dos magos (Mt 2.6) eles souberam dizer que o messias nasceria em Belém. Porém, mesmo diante das claras profecias, eles terminaram por matar João Batista e Jesus.

Estes mesmos fariseus e saduceus se vangloriavam por serem descendentes de Abraão, personagem importante do antigo testamento que foi o primeiro patriarca do povo de Israel, no qual Deus abençoou com uma posteridade tão numerosa quanto as estrelas do céu (Gn 15,5-6), e o seu nome significa “pai de muitos povos”.

João surpreende-nos quando, no versículo 9, diz aos fariseus e saduceus: “não penseis que basta dizer: ‘temos por pai Abraão’. Pois eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão”. Pode-se dizer que hoje muitas pessoas têm pensamentos semelhantes aos dos fariseus e saduceus, afinal, quantas vezes ouvimos: “Eu vou a missa todo domingo minha parte já está feita”, ou então, “tenho fé, rezo para Deus em casa, isto basta”. Será que basta mesmo?



É pelo fruto que se conhece a árvore, é pelas obras que se conheça a pessoa! Assim, não pode uma árvore má produzir bons frutos. Logo, não podemos nos considerar árvores boas se não produzimos bons frutos pois é pelos frutos que a conhecereis (Mt 7, 16-20). Não é coerente nos considerarmos cristãos e não vivermos conforme viveu Jesus Cristo, já que Ele é o padrão moral para nossas ações, então precisamos nos espelhar Nele para cumprir a vontade de Deus.

É ilógico crermos que é possível ser um cristão apenas de fé, pois a própria revelação escrita no qual se baseia a fé (bíblia) diz sobre nossas obrigações para com o próximo, sobre como deve ser nossos comportamentos perante as situações da vida. Não é possível crer em Jesus Cristo sem se comprometer com os deveres que Ele deixou.



As grandes obras que podemos fazer estão nas coisas simples, mas que afetam enormemente a vida do nosso próximo: as obras de misericórdia! Dar pão a quem tem fome, de beber a quem tem sede, visitar os enfermos, dar bons conselhos a quem precisa, consolar os tristes, são algumas das grandes obras que devemos fazer em nosso dia a dia, e assim trazer mais consolo ao nosso irmão.



Diante do mal exemplo dos fariseus e saduceus aprendemos que não basta ser filhos de abraão nem ter fé em Jesus Cristo, é necessário que coloquemos nossa mão na massa e amemos ao próximo como a nós mesmos (Mc 12, 31), pois a fé sem obras é morta! (Tg 2, 20)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sagrada Família foge para o Egito

O Evangelho de São Mateus narra em 2,13-23 a fuga e o retorno da Sagrada Família ao Egito, devido ao fato de Herodes estar buscando o menino Jesus para matá-lo.


O massacre das criancinhas

Herodes, tirano perverso, mandou matar todas as crianças da região de Belém com menos de 2 anos de idade. Raquel chora seus filhos (18), pobres indefesos, vítimas do livre arbítrio desse bárbaro rei que temia perder seu trono. Isso nos mostra que nossas ações podem causas terríveis danos ao próximo. Essas crianças são consideradas os primeiros mártires cristãos e a liturgia tem espaço para sua memória no dia 28 de dezembro como “Os santos inocentes, mártires. ”


Os desafios da viagem

Foi uma árdua viagem. Imaginemos 20 dias de caminhada sendo a maior parte pelo deserto, no calor escaldante durante o dia e o frio durante a noite. Diz o evangelho que Jose tomou Maria e o menino durante a noite, e foram embora. Maria ainda era muito nova e já estava sofrendo as dores de ser a Mãe do Salvador. Foram cerca de 400 Km de viagem, rumo a uma terra estrangeira, com os perigos que já imaginamos: ladrões, temperaturas extremas, escassez de agua e alimentos, e ainda havia a inquietação de estarem sob ameaça de morte! E tudo isso com o menino Jesus ainda muito novo. Ele, desde cedo, já sofrendo as perseguições. A viagem não foi fácil, talvez Deus não nos poupa das tribulações justamente para ver até onde seremos fieis aos seus planos.


Porque fugiu?

O Deus menino rebaixou-se tanto à natureza humana que precisou fugir. Isso para nos mostrar que diante das perseguições não devemos nos entregar, pois, ás vezes, enfrentar o perseguidor de frente, a peito aberto, não é a melhor estratégia. De fato, Jesus diz “Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra” Mt.10,23.


Porque o Egito?

O anjo manda fugir para o Egito onde antes o povo de Israel era escravo. Lá houve grande escravidão, donde Deus libertou o povo prometendo-lhes uma nova terra. O Egito passa de perseguidor a refúgio, e Jesus se refugia lá, levando a luz àquele povo pagão, e, como uma espécie de novo Moisés, ele retorna do Egito para Israel relembrando o êxodo da antiga aliança. De fato, o evangelista Mateus mostra Jesus como um novo Moisés, um novo legislador do povo.


Nossa Senhora do Desterro

Maria teve que ser forte nesse momento de exilio, pois ainda muito nova já estava sendo exposta ao desafio de fugir sem garantias para uma terra estranha e distante. Foi deste episódio que surgiu a devoção a Nossa Senhora do Desterro, padroeira dos que estão refugiados em outras pátrias, seja por motivo de trabalho, de fuga de guerras, etc. O Papa Pio X, quando da construção da Catedral de Florianópolis – SC, dedicou Nossa Senhora do Desterro como padroeira da cidade.


Fé e obediência de São José

São José é exemplo para nós! Já havia sido revelado para ele que o Menino era o salvador de todos os povos, mas agora o anjo os manda fugir? São José poderia, no mínimo, ter questionado sobre a divindade deste que não é capaz de salvar nem a si próprio. Mas não! Ele obedeceu, com fé, crendo nos desígnios misteriosos do Criador. Vejam que tanto na fuga quanto no retorno o Anjo aparece somente a ele, e em sonho. Na anunciação o anjo havia aparecido pessoalmente a Maria. A aparição em sonhos exigiu uma certa fé de São José, fé para confiar submeter-se a tamanhos perigos (a fuga ao estrangeiro) para atender ao pedido vindo de um sonho. José foi um exemplo de fortaleza, pois nesse momento de tribulação ele realizou seu papel de patriarca e “tomou o menino e sua mãe” (Mt 2, 14; 2,21) e os levou em segurança para o destino que Deus desejara.


Perseverança na paciência

O versículo 19 narra que o Anjo avisou a José o momento de voltar para a sua terra. No entanto, sabe-se que a Sagrada Família ficou no Egito por aproximadamente 4 anos. Pensemos em tudo que se passou na cabeça de José durante este tempo, que estava naquela terra estrangeira, tendo provavelmente que trabalhar para sustentar sua família, sendo o único que havia recebido a ordem do Anjo para se exilar. Deveria passar pela sua cabeça um desejo imenso de voltar para a casa. Ele poderia deixar tudo e ir embora, afinal o menino nem era filho biológico dele, porém, José era um “homem justo! (Mt 1, 19). Ele soube esperar, pacientemente, o momento em que Deus quisera que eles retornassem. Isso ensina para nós que, embora tudo nos tente a fazer as coisas do nosso jeito, é necessário esperar o tempo de Deus.


Que em todas as viagens inesperados ao deserto que a vida nos força a fazer, possamos imitar São José e “Tomar o Menino e sua Mãe” para nos acompanhar nos momentos de desafios e desesperos.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

A adoração dos magos do oriente




Façamos aqui uma análise do texto bíblico localizado em Mt 2, 1-12, onde lemos o episódio dos reis magos que prestam homenagens ao nosso Senhor Jesus Cristo.


 “¹ Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram magos do Oriente a Jerusalém, ...”

Primeiramente a palavra mago era usado para designar pessoas sábias, e não este sentido esotérico de bruxaria que temos hoje. Os magos vieram de fora da região judaica, possivelmente da pérsia, logo, eram pagãos, os primeiros gentios a reconhecer a majestade de Jesus neste Evangelho. Mateus, que escreveu este Evangelho para os judeus convertidos ao cristianismo, quis enfatizar que a salvação trazida por Jesus não é somente para os herdeiros das promessas de Deus (os judeus), mas para todos os povos da terra (por isso os magos pagãos). De fato, já estava profetizado no salmo 72.10-11: “os reis de Társis e das ilhas vão trazer-lhes tributo. Os reis de Sabá e Sebá lhe pagarão tributo; todos os reis se prostrarão diante dele, as nações todas o servirão." 

“²...perguntando: ‘onde está o Rei dos judeus recém-nascido? Com efeito, vimos sua estrela no seu surgir e viemos homenageá-lo’. ³ Ouvindo isso, o rei Herodes ficou alarmado e com ele toda a Jerusalém. ”

Este comportamento dos magos presume que eles sabiam que o povo judeu estava esperando um messias, provavelmente tiveram acesso as escrituras do antigo testamento, assim como o eunuco etíope descrito em At 8, 27-28 que lia o profeta Isaias mas não compreendia. Herodes ficou alarmado porque temeu perder seu trono para o rei que nasceu, vendo isso os magos devem ter ficado confusos, afinal, os próprios judeus não sabiam sobre o nascimento do seu messias. Jesus é a luz que ilumina todos os povos, inclusive os pagãos.

4 E, convocando todos os chefes dos sacerdotes e os escribas do povo, procurou saber deles onde havia de nascer o Cristo. 5Eles responderam: ‘Em Belém, na Judéia, pois é isso que foi escrito pelo profeta...’. ”

Os escribas disseram que o messias nasceria em Belém, e acertaram. De fato, está escrito em Mq 5.2:  “Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado. ” Isso mostra que havia por parte dos judeus naquela época o conhecimento e a expectativa a respeito do Messias que haveria de vir, em contraste com a não aceitação de Jesus, e sua posterior condenação.

7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e procurou certificar-se com eles a respeito do tempo em que a estrela tinha aparecido.8 E, enviando-os a Belém disse-lhes: ‘Ide e procurai obter informações exatas a respeito do menino e, ao encontra-lo, avisai-me, para que também eu vá homenageá-lo’.  ”

Herodes desejava encontrar o menino para o matar, assim como já havia matado suas esposas e filhos, afim de preservar seu lugar como rei. Mandar soldados atrás do menino poderia não ser uma boa opção, por isso ele enviou os magos, do qual ninguém desconfiaria, para trabalhar em seu favor e encontrar Jesus sem levantar suspeitas. Herodes teve fé, acreditou fielmente na realeza de Jesus, afinal, se este fosse um menino qualquer não haveria necessidade para tamanha preocupação por parte de Herodes.

9A essas palavras do rei, eles partiram. E eis que a estrela que tinham visto no céu surgir ia à frente deles até que parou sobre o lugar onde se encontrava o menino. 10Eles, revendo a estrela, alegraram-se imensamente. ”

Essa intima relação com a estrela sugere que os magos eram também astrólogos, limitados, é claro, pelos conhecimentos da época. Há ainda quem vá além e, através de estudos históricos, sugira que eles eram descendentes de Set, terceiro filho de Abraão. Segundo esta teoria, Set teria transmitido uma profecia antiga de que uma estrela apareceria para sinalizar o nascimento de um Deus, e desde então gerações e gerações de magos teriam aguardado durante milénios, esperançosos, até a estrela aparecer. Isto é extraordinário!

11Ao entrar na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o homenagearam. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhes presentes: ouro, incenso e mirra. ”

Os presentes que os magos ofereceram a Jesus possuem significados especiais: o ouro refere-se a realeza do menino. De fato, os reis costumavam possuir tronos, anéis, coroas, e até berços de ouro, logo, o ouro significa que Jesus é rei, mas como Ele disse: “meu reino não é deste mundo. ” (Jo 18.36). O incenso significa a sua divindade pois era comum queimar incenso aos deuses. Durante as perseguições do início da era cristã, os cristãos eram obrigados a queimar incenso ao imperador devido ao mesmo se considerar um deus, muitos se negaram a realizar tal ato tornando-se mártires. Por fim, mirra: óleo utilizado nos rituais de sepultamento. Significa a humanidade de Jesus e, especialmente, sua Paixão. De fato, foi usado mirra no sepultamento de Jesus conforme Jo 19,39.

12Avisados em sonho que não voltassem a Herodes, regressaram por outro caminho para sua região. ”

O plano de Herodes falha e os magos não revelam a localização do menino. Como vemos, o episódio se encerra sem dizer exatamente quem eram nem de onde vieram os magos. A tradição atribui a eles o título também de reis, há inúmeras pinturas que os ilustram como três reis sendo um jovem, outro de meia idade, e o terceiro já mais velho. E, segundo o Padre da Igreja São João Crisóstomo, eles foram posteriormente batizados pelo Apóstolo São Tomé.

Eram reis – O texto sagrado não diz claramente que eles eram reis, porém no vers. 3 nota-se que o rei Herodes e toda a população de Jerusalém ficaram alarmados com a notícia dos magos, afinal, eles já possuíam um rei (Herodes) e não sabiam de nenhum outro que viria a nascer. Isto sugere que o próprio Herodes os recebeu quando chegaram: esse tipo de “etiqueta” era comum entre os reis. É também pertinente salientar que estes magos não deviam ser pessoas comuns, afinal, todos acreditaram quando eles disseram que um rei havia nascido inclusive o próprio Herodes que ficou alarmado. Será que isso ocorreria se fossem simplesmente estrangeiros desconhecidos?



Resta-nos admirar esses nobres que que tiveram a oportunidade de presentear o Rei dos reis, nosso Senhor Jesus Cristo, e reconheceram nEle Sua divindade, Sua humanidade e sua realeza.

sábado, 28 de novembro de 2015

O drama do homem: o pecado original

Hoje em dia não se fala muito em pecado original, talvez seja porque é considerado “politicamente incorreto” aquele que crê em dogmas de fé. Afinal, o pecado original é a frustração do sonho marxista de fazer o paraíso aqui na terra, e dizer que todos os homens têm uma tendência a desonestidade é considerado, no mínimo, inconveniente.

Como bem sabemos Deus criou os céus e a terra, criou também o homem por amor. Adão vivia no jardim do éden em harmonia com Deus e com a mulher, e usufruía da criação de Deus com apenas uma restrição: “não comeis da arvore do bem e do mal”. Então o homem fez mau uso de seu livre arbítrio e desobedeceu seu Deus comendo da fruta que foi proibida “tornando-se como deuses”, um “conhecedor do Bem e do mal.”

A Igreja ensina que em Adão a humanidade decaiu e a justiça original presente na criação se perdeu de forma que o homem agora morre e sofre, mas antes da Queda não morreria nem haveria sofrimento. Entende-se por justiça original o estado de graça e santidade presente no homem antes do pecado de Adão, estado este que era Dom de Deus à natureza humana. Tal estado de justiça e santidade original foi perdido dando lugar ao pecado original, do qual os conceitos pontuarei a seguir.

Pecado original originante: pecado cometido pelo ato de desobediência de Adão. Tendo Adão desobedecido, pecou, e nós herdamos esse pecado, pois somos seus descendentes. Logo, nascemos em estado de pecado original, devido à natureza humana que possuímos, que foi manchada pelo pecado de Adão, mas o ato de pecado não foi nosso e sim de Adão.
Pecado original originado: nosso pecado pessoal. Sendo a natureza humana decaída, possui uma tendência para o mal e então peca por ato quando desobedece a lei de Deus.

Então uma criancinha de colo tem pecado? Sim! Mas o pecado original, não o pessoal: a criança não pecou pois não possui juízo para isso, ela apenas herdou o pecado original como mencionado anteriormente. Sendo assim, a Igreja Católica batiza as crianças afim de redimi-las do pecado original, no entanto, mesmo depois do batismo nós homens continuamos pecando não é verdade? Sim! Em nós permanecem uma espécie de resquícios do pecado no qual damos o nome de concupiscência.

Esta tendência para o pecado é uma realidade facilmente observada se fizermos um exame de consciência em nós mesmo. Desafio você leitor a fazer um exame de consciência sincero sobre si mesmo! Tenho certeza que concluirá que há em você uma tendência para a desonestidade, isto é perceptível também através de uma reflexão filosófica. Esta tendência é o resquício do pecado original que está presente em nossa natureza humana.

Eis o drama! O drama do homem se dá nesta intensa batalha que existe dentro de si! Por um lado, a voz da razão que nos diz: “não roube, não minta, não adultere”, e por outro lado esta tendência que nos tenta a fazer exatamente isso que sabemos não ser o certo. A luta contra o pecado é o drama dos indivíduos que batalham a todo momento para se livrar deste mal que afeta nossa natureza e nos induz a desobedecer às leis de Deus.


Por fim, diante desse drama, dessa luta, dessa guerra sem fim contra nós mesmo, surge uma luz: A luz é Jesus! Aquele que nos redimiu numa cruz e pagou o preço dos nossos pecados! É Ele que redimi toda a humanidade do pecado e permite aos homens voltarem ao seu Criador. Se por Adão todos foram condenados, por Cristo todos foram redimidos: “Por um só homem que pecou, a morte começou a reinar. Muito mais reinarão na vida, pela mediação de um só, Jesus Cristo...” Rm 5.17

A batalha é dura, mas não nos desesperemos! Pois a Igreja ensina a partir do número 420 do catecismo que: A vitória alcançada por Cristo sobre o pecado trouxe-nos bens superiores àqueles que o pecado nos tinha tirado: «Onde abundou o pecado, superabundou a graça» (Rm 5, 20). Ou seja, se em Adão nós perdemos os dons que Deus nos dava no início dos tempos, em Cristo recuperaremos dons ainda maiores do que os perdidos. Deus é o Divino Aproveitador, pois usa de todo o mal para fazer um bem maior, por amor a nós.





domingo, 15 de novembro de 2015

Genealogia de Jesus (Mt 1.1-17)




Abraão gerou Isaque; Isaque gerou Jacó; Jacó gerou Judá... mas afinal que importância tem isso como palavra de Deus?



Logo no início do capítulo primeiro do Evangelho de São Mateus está a genealogia de Jesus descrevendo nome a nome os seus antecessores (seu pai, seu avô, seu bisavô, etc). Este evangelho é lido normalmente em dezembro, próximo a celebração do Natal. Muitos ouvem esse tipo de leitura na Igreja e acabam achando que é uma tolice sair da cama num domingo cedo para ouvir que fulano é filho de ciclano, que é filho de bertano e etc... Mas afinal, que significa isso?

Primeiro é necessário entender que o livro de Mateus foi escrito para os judeus que se converteram ao cristianismo. Ora, quando você vai escrever alguma coisa você o escreve pensando na pessoa que irá ler, correto? Quando queres escrever para a namorada usa-se um certo vocabulário, quando é para a própria mãe já é diferente, quando trata-se de uma redação da faculdade, certamente usar-se-á uma linguagem mais culta. Assim também era na época dos escritos bíblicos: cada hagiógrafo (escritor bíblico) escreveu o texto sagrado conforme suas experiências e seu público alvo.

Na época dos escritos evangélicos haviam dois públicos alvo diferentes: os Judeus e os pagãos. Judeus são descentes da antiga aliança, tem o conhecimento sobre todo o antigo testamento já naquela época, seguiam as leis de moisés e meditavam os salmos. Logo, os judeus eram um povo que já recebeu parte da revelação de Deus (antigo testamento) e tinham conhecimento das promessas do messias contidas na mesma.

E haviam também os pagãos que eram os povos que não seguiam as revelações de Deus do antigo testamento (os mandamentos, os profetas, as orientações litúrgicas), acreditavam em vários deuses (panteísmo), portanto desconheciam toda a historia de amor e salvação que Deus havia revelado no passado. Ora, Mateus escreveu para os judeus e por isso ele inseriu no seu evangelho elementos que eram familiares a eles, sendo que alguns estão presentes na genealogia.

Jesus é  descendente de Davi: Umas das formas que Mateus encontrou para mostrar que Jesus é o messias prometido foi identifica-lo como descendente de Davi e Abraão porque Deus prometeu que de Abraão viriam "reis" (Gn 17,6) e de Davi também(Sl 132.11.12). A genealogia é composta de três partes: de abraão até Davi, Davi até o exílio (Jeconias), do exílio até Jesus. Cada uma dessas três parte possuem 14 gerações. Ora, 14 é valor numérico do nome hebraico de Davi (D= 4, V = 6 e D = 4), e os judeus sabiam disso pois eram seguidores de Davi.

Jesus e Davi possuem títulos: Observem que na genealogia apenas dois nomes são seguidos de seus títulos. Davi como rei (6), e Jesus como Cristo (16), que significa ungido em grego.

José não é chamado pai de Jesus: Observa-se que o versículo 16 foge do padrão das demais gerações, pois Mateus não diz que José gerou Jesus, mas diz "Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus chamado Cristo". Isso aconteceu para já mostrar aos leitores à ideia da concepção virginal de Maria descrito nos versículos seguintes. (18-25).

Jesus e Davi descendem do povo gentio: O povo gentio são aqueles que não eram judeus ou não seguiam o judaísmo. A genealogia traz nomes de 4 mulheres em sua lista, coisa que não era comum nas genealogias judaicas. Mateus fez questão de destacar estas mulheres pelo fato das mesmas não serem judias: Tamar (3), Raab (5), Ruth (5), e aquela que foi mulher de Urias (6). Com exceção de Ruth, as demais são associadas à imoralidade sexual no antigo testamento. Provavelmente Mateus mostrou a linhagem de sangue gentio na descendência de Jesus para destacar o caráter universal do Evangelho que é para homens e mulheres de todos os povos (28,19).

Enfim, Jesus é o esperado rei-Messias: depois do exílio o reinado de Davi sucumbiu e nenhum herdeiro legítimo foi deixado. Jesus vem como o esperado rei-Messias  (21,4-5; Jo 1,49) para cumprir a aliança jurada por Deus de estabelecer e eternizar a dinastia de Davi (Lc 1.32-22).


Jesus é o filho de Davi, é o Rei prometido por Deus que virá para salvar, não só o povo de Israel, mas o mundo inteiro!

Viva a Jesus Cristo, nosso Rei, Salvador do mundo inteiro!





quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Deus existe? vejamos o que diz a primeira via de São tomas de Aquino


A existência de Deus é debatida desde o início da filosofia. Não é atoa que esta tem o dever de buscar explicações sobre a existência das coisas, inclusive do ser humano. A maioria dos cristãos creem em Deus pela fé, mas será que existe outra maneira de crer em um Ser criador de tudo? Existe alguma forma de "provar" a existência de tal Divindade?

São Tomas de Aquino (1224-1274) expõe em sua Suma teológica o que seriam as cinco vias de acesso para se provar a existência de Deus, porém, cabe a princípio compreendermos que o termo "provar" não possui aqui o mesmo significado que na ciência pós moderna. Atualmente a fé na ciência leva a maioria das pessoas a acreditar somente naquilo que é explicável através de um experimento. Ora, se Deus fosse explicável já não seria mais Deus. Deus é Espírito e não matéria, logo não pode ser experimentado segundo as regras das ciências. Cabe então à filosofia meditar sobre a existência de Deus através da razão humana.

A Igreja católica ensina que tal reflexão se dá em dois "lugares": No mundo e no homem. Através da observação destas duas realidades é possível chegar ao conhecimento de Deus. Para isso São Tomas de Aquino formulou cinco vias para chegar a conhecimento de Deus através da observação da realidade que nos rodeia. Procuraremos aqui explicar o conceito da primeira via: o movimento dos seres.

Tudo muda, as coisas estão em constante movimento, e por movimento se entende a mudança das características presente nos seres. Eu hoje tenho bastante cabelo, mas em determinado tempo terei menos cabelo; nosso corpo elemina trilhões de células mortas por dia; as folhas das arvores estão caindo o tempo todo, ou nascendo, conforme a estação; a plantinha que nasceu na beirada da calçada irá crescer e morrer. Emfim, toda a realidade observada ao nosso redor está em constante mudança: tudo muda. Um ser pode ter determinada característica em ato ou potência: ato é aquilo que o ser é de fato, enquanto a potência é aquilo que ele poderia ser. Eu sou gordo em ato, mas tenho a potência de ser magro.

Um ser não pode obter uma potência por si só, ele necessita de um outro ser que tenha a característica desejada em ato: uma parede é branca, logo, ela é branca em ato, mas poderia ser azul. Então ela tem a potência para o azul. Porém a parede não adquiri o azul em ato por si só, para mudar ela precisa de outro ser que tenha o azul em ato: a tinta azul! A tinta azul tem a característica da cor azul em ato, enquanto a parede tem a característica da cor azul em potência. A tinta azul é o ser movente, enquanto a parede é o ser movido.


Um ser dependerá sempre de outro para mudar, porquanto um ser só pode dar aquilo que ele tem em ato. A goiaba existe, porém, a existência da goiaba supõe a goiabeira; que supõe a terra fértil; este por sua vez supõe a ação do sol e da chuva, no qual esses últimos supõe outros fatores. Um ser não muda sozinho, mas depende de outro ser que tenha determinada característica em ato. Para ocorrer uma mudança a potência vem antes do ato, o ser movido precisa ter a possibilidade de mudar; enquanto na mudança em si é o ato quem primeiro atua, pois dele é que depende a mudança.

Um ser que possua qualquer coisa em ato a recebeu de outro ser que a possuía também em ato, este por sua vez a tinha em potência até que em determinado momento a recebeu em ato; o ser que possibilitou essa mudança também tem de ter tal característica em ato, e assim por diante. Esta sequência de mudanças não podem ser infinitas, é necessário que no inicio do ciclo haja um ser que tenha todas as característica em ato, que seja capaz de doar para os seres em potência aquilo que ele tem. Tal ser poderia ser considerado como ato puro.

Este Ser é Deus, o ato puro do qual surgiu todas as coisas observáveis, Ele não possui potência, pois tem todas as características em ato. Ainda que a teoria do big bang seja provado pela ciência, não é possível que tal explosão tenha ocorrido ao acaso, afinal, não teria que haver algo antes da explosão? Quem causou a explosão? por que a explosão não aconteceu antes ou depois?

Que Deus, alfa e ômega, principio e fim, ilumine nosso entendimento, afim de que conheçamos cada vez mais os seus mistérios, amém!

Let's go!

É com muita alegria que inicio as atividades neste blog. Há tempos possuo o desejo de utilizar deste meio de comunicação como uma forma de transmitir aos mundo web as minhas ideias a respeito de Deus e das coisas. No que tange a evangelização muito tem a ser feito para que se possa fazer chegar ao homem moderno a mensagem especial de Deus presente desde a criação. Por isso, utilizarei este meio como forma de transmitir aquilo que seja o ideal cristão presente na Igreja de Cristo.