quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sagrada Família foge para o Egito

O Evangelho de São Mateus narra em 2,13-23 a fuga e o retorno da Sagrada Família ao Egito, devido ao fato de Herodes estar buscando o menino Jesus para matá-lo.


O massacre das criancinhas

Herodes, tirano perverso, mandou matar todas as crianças da região de Belém com menos de 2 anos de idade. Raquel chora seus filhos (18), pobres indefesos, vítimas do livre arbítrio desse bárbaro rei que temia perder seu trono. Isso nos mostra que nossas ações podem causas terríveis danos ao próximo. Essas crianças são consideradas os primeiros mártires cristãos e a liturgia tem espaço para sua memória no dia 28 de dezembro como “Os santos inocentes, mártires. ”


Os desafios da viagem

Foi uma árdua viagem. Imaginemos 20 dias de caminhada sendo a maior parte pelo deserto, no calor escaldante durante o dia e o frio durante a noite. Diz o evangelho que Jose tomou Maria e o menino durante a noite, e foram embora. Maria ainda era muito nova e já estava sofrendo as dores de ser a Mãe do Salvador. Foram cerca de 400 Km de viagem, rumo a uma terra estrangeira, com os perigos que já imaginamos: ladrões, temperaturas extremas, escassez de agua e alimentos, e ainda havia a inquietação de estarem sob ameaça de morte! E tudo isso com o menino Jesus ainda muito novo. Ele, desde cedo, já sofrendo as perseguições. A viagem não foi fácil, talvez Deus não nos poupa das tribulações justamente para ver até onde seremos fieis aos seus planos.


Porque fugiu?

O Deus menino rebaixou-se tanto à natureza humana que precisou fugir. Isso para nos mostrar que diante das perseguições não devemos nos entregar, pois, ás vezes, enfrentar o perseguidor de frente, a peito aberto, não é a melhor estratégia. De fato, Jesus diz “Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra” Mt.10,23.


Porque o Egito?

O anjo manda fugir para o Egito onde antes o povo de Israel era escravo. Lá houve grande escravidão, donde Deus libertou o povo prometendo-lhes uma nova terra. O Egito passa de perseguidor a refúgio, e Jesus se refugia lá, levando a luz àquele povo pagão, e, como uma espécie de novo Moisés, ele retorna do Egito para Israel relembrando o êxodo da antiga aliança. De fato, o evangelista Mateus mostra Jesus como um novo Moisés, um novo legislador do povo.


Nossa Senhora do Desterro

Maria teve que ser forte nesse momento de exilio, pois ainda muito nova já estava sendo exposta ao desafio de fugir sem garantias para uma terra estranha e distante. Foi deste episódio que surgiu a devoção a Nossa Senhora do Desterro, padroeira dos que estão refugiados em outras pátrias, seja por motivo de trabalho, de fuga de guerras, etc. O Papa Pio X, quando da construção da Catedral de Florianópolis – SC, dedicou Nossa Senhora do Desterro como padroeira da cidade.


Fé e obediência de São José

São José é exemplo para nós! Já havia sido revelado para ele que o Menino era o salvador de todos os povos, mas agora o anjo os manda fugir? São José poderia, no mínimo, ter questionado sobre a divindade deste que não é capaz de salvar nem a si próprio. Mas não! Ele obedeceu, com fé, crendo nos desígnios misteriosos do Criador. Vejam que tanto na fuga quanto no retorno o Anjo aparece somente a ele, e em sonho. Na anunciação o anjo havia aparecido pessoalmente a Maria. A aparição em sonhos exigiu uma certa fé de São José, fé para confiar submeter-se a tamanhos perigos (a fuga ao estrangeiro) para atender ao pedido vindo de um sonho. José foi um exemplo de fortaleza, pois nesse momento de tribulação ele realizou seu papel de patriarca e “tomou o menino e sua mãe” (Mt 2, 14; 2,21) e os levou em segurança para o destino que Deus desejara.


Perseverança na paciência

O versículo 19 narra que o Anjo avisou a José o momento de voltar para a sua terra. No entanto, sabe-se que a Sagrada Família ficou no Egito por aproximadamente 4 anos. Pensemos em tudo que se passou na cabeça de José durante este tempo, que estava naquela terra estrangeira, tendo provavelmente que trabalhar para sustentar sua família, sendo o único que havia recebido a ordem do Anjo para se exilar. Deveria passar pela sua cabeça um desejo imenso de voltar para a casa. Ele poderia deixar tudo e ir embora, afinal o menino nem era filho biológico dele, porém, José era um “homem justo! (Mt 1, 19). Ele soube esperar, pacientemente, o momento em que Deus quisera que eles retornassem. Isso ensina para nós que, embora tudo nos tente a fazer as coisas do nosso jeito, é necessário esperar o tempo de Deus.


Que em todas as viagens inesperados ao deserto que a vida nos força a fazer, possamos imitar São José e “Tomar o Menino e sua Mãe” para nos acompanhar nos momentos de desafios e desesperos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário