O Evangelho de São Mateus
narra em 2,13-23 a fuga e o retorno da Sagrada Família ao Egito, devido ao fato
de Herodes estar buscando o menino Jesus para matá-lo.
O massacre das
criancinhas
Herodes, tirano
perverso, mandou matar todas as crianças da região de Belém com menos de 2 anos
de idade. Raquel chora seus filhos (18), pobres indefesos, vítimas do livre arbítrio
desse bárbaro rei que temia perder seu trono. Isso nos mostra que nossas ações
podem causas terríveis danos ao próximo. Essas crianças são consideradas os
primeiros mártires cristãos e a liturgia tem espaço para sua memória no dia 28
de dezembro como “Os santos inocentes, mártires. ”
Os desafios da viagem
Foi uma árdua viagem.
Imaginemos 20 dias de caminhada sendo a maior parte pelo deserto, no calor
escaldante durante o dia e o frio durante a noite. Diz o evangelho que Jose
tomou Maria e o menino durante a noite, e foram embora. Maria ainda era muito
nova e já estava sofrendo as dores de ser a Mãe do Salvador. Foram cerca de 400
Km de viagem, rumo a uma terra estrangeira, com os perigos que já imaginamos:
ladrões, temperaturas extremas, escassez de agua e alimentos, e ainda havia a
inquietação de estarem sob ameaça de morte! E tudo isso com o menino Jesus
ainda muito novo. Ele, desde cedo, já sofrendo as perseguições. A viagem não
foi fácil, talvez Deus não nos poupa das tribulações justamente para ver até
onde seremos fieis aos seus planos.
Porque fugiu?
O Deus menino
rebaixou-se tanto à natureza humana que precisou fugir. Isso para nos mostrar
que diante das perseguições não devemos nos entregar, pois, ás vezes, enfrentar
o perseguidor de frente, a peito aberto, não é a melhor estratégia. De fato,
Jesus diz “Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra”
Mt.10,23.
Porque o Egito?
O anjo manda fugir
para o Egito onde antes o povo de Israel era escravo. Lá houve grande
escravidão, donde Deus libertou o povo prometendo-lhes uma nova terra. O Egito
passa de perseguidor a refúgio, e Jesus se refugia lá, levando a luz àquele povo
pagão, e, como uma espécie de novo Moisés, ele retorna do Egito para Israel
relembrando o êxodo da antiga aliança. De fato, o evangelista Mateus mostra
Jesus como um novo Moisés, um novo legislador do povo.
Nossa Senhora do
Desterro
Maria teve que ser
forte nesse momento de exilio, pois ainda muito nova já estava sendo exposta ao
desafio de fugir sem garantias para uma terra estranha e distante. Foi deste
episódio que surgiu a devoção a Nossa Senhora do Desterro, padroeira dos que
estão refugiados em outras pátrias, seja por motivo de trabalho, de fuga de
guerras, etc. O Papa Pio X, quando da construção da Catedral de Florianópolis –
SC, dedicou Nossa Senhora do Desterro como padroeira da cidade.
Fé e obediência de São
José
São José é exemplo
para nós! Já havia sido revelado para ele que o Menino era o salvador de todos
os povos, mas agora o anjo os manda fugir? São José poderia, no mínimo, ter
questionado sobre a divindade deste que não é capaz de salvar nem a si próprio.
Mas não! Ele obedeceu, com fé, crendo nos desígnios misteriosos do Criador. Vejam
que tanto na fuga quanto no retorno o Anjo aparece somente a ele, e em sonho.
Na anunciação o anjo havia aparecido pessoalmente a Maria. A aparição em sonhos
exigiu uma certa fé de São José, fé para confiar submeter-se a tamanhos perigos
(a fuga ao estrangeiro) para atender ao pedido vindo de um sonho. José foi um
exemplo de fortaleza, pois nesse momento de tribulação ele realizou seu papel
de patriarca e “tomou o menino e sua mãe” (Mt 2, 14; 2,21) e os levou em
segurança para o destino que Deus desejara.
Perseverança na
paciência
O versículo 19 narra
que o Anjo avisou a José o momento de voltar para a sua terra. No entanto,
sabe-se que a Sagrada Família ficou no Egito por aproximadamente 4 anos. Pensemos
em tudo que se passou na cabeça de José durante este tempo, que estava naquela
terra estrangeira, tendo provavelmente que trabalhar para sustentar sua família,
sendo o único que havia recebido a ordem do Anjo para se exilar. Deveria passar
pela sua cabeça um desejo imenso de voltar para a casa. Ele poderia deixar tudo
e ir embora, afinal o menino nem era filho biológico dele, porém, José era um “homem
justo! (Mt 1, 19). Ele soube esperar, pacientemente, o momento em que Deus
quisera que eles retornassem. Isso ensina para nós que, embora tudo nos tente a
fazer as coisas do nosso jeito, é necessário esperar o tempo de Deus.
Que em todas as viagens inesperados ao deserto que a vida nos
força a fazer, possamos imitar São José e “Tomar o Menino e sua Mãe” para nos
acompanhar nos momentos de desafios e desesperos.
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