Hoje em dia
não se fala muito em pecado original, talvez seja porque é considerado
“politicamente incorreto” aquele que crê em dogmas de fé. Afinal, o pecado
original é a frustração do sonho marxista de fazer o paraíso aqui na terra, e
dizer que todos os homens têm uma tendência a desonestidade é considerado, no
mínimo, inconveniente.
Como bem
sabemos Deus criou os céus e a terra, criou também o homem por amor. Adão vivia
no jardim do éden em harmonia com Deus e com a mulher, e usufruía da criação de
Deus com apenas uma restrição: “não comeis da arvore do bem e do mal”. Então o
homem fez mau uso de seu livre arbítrio e desobedeceu seu Deus comendo da fruta
que foi proibida “tornando-se como deuses”, um “conhecedor do Bem e do mal.”
A Igreja
ensina que em Adão a humanidade decaiu e a justiça original presente na criação
se perdeu de forma que o homem agora morre e sofre, mas antes da Queda não
morreria nem haveria sofrimento. Entende-se por justiça original o estado de
graça e santidade presente no homem antes do pecado de Adão, estado este que era
Dom de Deus à natureza humana. Tal estado de justiça e santidade original foi
perdido dando lugar ao pecado original, do qual os conceitos pontuarei a
seguir.
Pecado
original originante: pecado cometido pelo ato de desobediência de Adão. Tendo Adão desobedecido, pecou, e nós herdamos esse pecado, pois somos seus
descendentes. Logo, nascemos em estado de pecado original, devido à natureza
humana que possuímos, que foi manchada pelo pecado de Adão, mas o ato de pecado
não foi nosso e sim de Adão.
Pecado
original originado: nosso pecado pessoal. Sendo a natureza humana decaída,
possui uma tendência para o mal e então peca por ato quando desobedece a lei de
Deus.
Então uma
criancinha de colo tem pecado? Sim! Mas o pecado original, não o pessoal: a
criança não pecou pois não possui juízo para isso, ela apenas herdou o pecado
original como mencionado anteriormente. Sendo assim, a Igreja Católica batiza
as crianças afim de redimi-las do pecado original, no entanto, mesmo depois do
batismo nós homens continuamos pecando não é verdade? Sim! Em nós permanecem
uma espécie de resquícios do pecado no qual damos o nome de concupiscência.
Esta tendência
para o pecado é uma realidade facilmente observada se fizermos um exame de
consciência em nós mesmo. Desafio você leitor a fazer um exame de consciência
sincero sobre si mesmo! Tenho certeza que concluirá que há em você uma tendência
para a desonestidade, isto é perceptível também através de uma reflexão
filosófica. Esta tendência é o resquício do pecado original que está presente
em nossa natureza humana.
Eis o drama!
O drama do homem se dá nesta intensa batalha que existe dentro de si! Por um
lado, a voz da razão que nos diz: “não roube, não minta, não adultere”, e por
outro lado esta tendência que nos tenta a fazer exatamente isso que sabemos não
ser o certo. A luta contra o pecado é o drama dos indivíduos que batalham a
todo momento para se livrar deste mal que afeta nossa natureza e nos induz a desobedecer
às leis de Deus.
Por fim,
diante desse drama, dessa luta, dessa guerra sem fim contra nós mesmo, surge
uma luz: A luz é Jesus! Aquele que nos redimiu numa cruz e pagou o preço dos
nossos pecados! É Ele que redimi toda a humanidade do pecado e permite aos
homens voltarem ao seu Criador. Se por Adão todos foram condenados, por Cristo
todos foram redimidos: “Por um só homem que pecou, a morte começou a reinar.
Muito mais reinarão na vida, pela mediação de um só, Jesus Cristo...” Rm 5.17
A batalha é
dura, mas não nos desesperemos! Pois a Igreja ensina a partir do número 420 do
catecismo que: A vitória alcançada por
Cristo sobre o pecado trouxe-nos bens superiores àqueles que o pecado nos tinha
tirado: «Onde abundou o pecado, superabundou a graça» (Rm 5, 20). Ou
seja, se em Adão nós perdemos os dons que Deus nos dava no início dos tempos,
em Cristo recuperaremos dons ainda maiores do que os perdidos. Deus é o Divino
Aproveitador, pois usa de todo o mal para fazer um bem maior, por amor a nós.